23/09/2007

OceanDrops II



OceanDrops, continuação

Parte II

Não importa quanto um ensinamento específico possa ser poderoso ou quanto um ponto de vista filosófico seja “coreto”: se não for adequado ao indivíduo que o ouve, não tem valor. Assim sendo, um professor espiritual hábil julgará a pertinência de um determinado ensinamento para um determinado indivíduo e ensinará de acordo.
Podemos traçar uma analogia com o uso de remédios. Antibióticos, por exemplo, são imensamente poderosos; são valiosos no tratamento de uma ampla variedade de doenças, mas são inúteis na cura de uma perna quebrada. Uma perna quebrada deve ser colocada adequadamente no gesso. Além disso, mesmo nos casos em que a utilização dos antibióticos é de fato imprescindível, se um médico receitar para uma criança a mesma dose que daria para um adulto, a criança pode morrer!
Do mesmo modo, podemos ver que o próprio Buda – por ter reconhecido a diversidade de índoles mentais, interesses e inclinações espirituais de seus seguidores – deu ensinamentos de maneira diferenciada. Observando todas as religiões do mundo sob essa luz, sinto uma profunda convicção de que todas as tradições são benéficas, cada uma delas servindo de forma única às necessidades de seus seguidores.
Vamos olhar para as semelhanças de outra maneira. Nem todas as religiões postulam a existência de Deus, de um Criador; mas aquelas que o fazem destacam que o devoto deve amar a Deus de todo coração. Como poderíamos determinar se alguém ama a Deus de forma sincera? Com certeza, examinaríamos o comportamento e a atitude dessa pessoa em relação aos demais seres humanos, em relação ao restante da criação de Deus. Se alguém mostra amor e compaixão verdadeiros em relação aos irmãos e irmãs humanos, e em relação à própria Terra, acredito que podemos ter certeza de que essa pessoa demonstra verdadeiro amor por Deus. É claro que quando alguém realmente respeita a mensagem de Deus, estende o amor de Deus pela humanidade. No entanto, creio que é altamente questionável a fé de alguém que professa a crença em Deus, mas não mostra amor ou compaixão pelos outros seres humanos. Quando analisamos dessa forma, vemos que a fé genuína em Deus é um meio poderoso para se desenvolver as qualidades humanas positivas de amor e compaixão.
Vamos nos deter em outro ponto divergente das religiões mundiais: a crença em vidas passadas ou futuras. Nem todas as religiões afirmam a existência dessas coisas. Algumas, como o Cristianismo, admitem uma próxima vida, talvez no céu ou no inferno, mas não uma vida anterior. De acordo com a visão cristã, esta vida, a vida presente, foi criada diretamente por Deus. Posso muito bem imaginar que acreditar sinceramente nisso proporciona um sentimento de grande intimidade com Deus. Com certeza, ao estarmos cientes de que nossas vidas são criação de Deus, desenvolvemos uma profunda reverência por Deus e o desejo de viver inteiramente de acordo com seus propósitos, pondo em prática nosso potencial humano mais elevado.
Outras religiões ou pessoas podem enfatizar que somos todos responsáveis por tudo o que criamos em nossa vida. Esse tipo de fé também pode ser muito eficiente para ajudar a pôr em prática nosso potencial para a bondade, pois exige que as pessoas assumam total responsabilidade por suas vidas, com todas as conseqüências recaindo sobre seus ombros. Pessoas que pensam assim de modo verdadeiro vão se tornar mais disciplinadas e assumir inteira responsabilidade em praticar a compaixão e o amor. Portanto, embora a abordagem seja diferente, o resultado é mais ou menos o mesmo.

Manter sua própria tradição

Quando reflito dessa forma, minha admiração pelas grandes tradições espirituais do mundo aumenta, e posso estimar com intensidade o valor delas. É evidente que essas religiões atenderam às necessidades espirituais de milhões de pessoas no passado, continuam a fazê-lo no presente, e continuarão no futuro. Percebendo isso, encorajo as pessoas a manter sua tradição espiritual, mesmo que se interessem em aprender sobre outras, como o Budismo. Trocar de religião é um assunto sério, e não deve ser tratado levianamente. Uma vez que as diferentes tradições religiosas evoluíram de acordo com contextos históricos, culturais e sociais específicos, uma tradição pode ser mais adequada para uma determinada pessoa em um ambiente específico. Somente a pessoa sabe qual religião é mais conveniente para ela. Assim é vital não fazer proselitismo, propagando apenas a sua própria religião, afirmando que ela é a melhor ou a que está certa.

2 comentários:

Buscadora disse...

só li o começo desse post, pq já estou desmaiando para ir dormir. Mas me chamou a atenção a idéia de que um instrutor hábil deveria saber a melhor forma de ensinar seu discípulo... imagina se todos os professores escolares e universitários tivessem essa liberdade e dom?
Mas já que é difícil achar esse tipo de pessoa em todas as idéias evolucionárias, fica mais fácil achar a idéia que mais se adapta ao seu perfil.

beijocas Walk !!!

Sidhe Storm disse...

kely com um ele, obrigado pela gentileza do comentário (por incrível q pareça estou sendo verdadeira aki, sem qq ironia =)
Eu concordo com vc, esse trecho tbm me chamou atenção. Também acho q tá difícil encontrar alguém que possa nos instruir da maneira relatada, por isso geralmente nós mesmos buscamos o que melhor nos cabe. No meu caso particular, ainda não sei se eu sei saber o que melhor cabe a mim =)