17/09/2007

OceanDrops





OceanDrops, Part I

(unfortunately, I only have them in portuguese...)


Muitos ensinamentos, muitos caminhos

Encontrar a verdadeira satisfação não depende de seguir qualquer religião específica ou manter uma crença em particular. Contudo, muitas pessoas buscam a satisfação na prática religiosa ou na fé. Quando permanecemos isolados uns dos outros, às vezes ficamos com imagens distorcidas das tradições ou crenças diferentes daquelas que defendemos; em outras palavras, podemos acreditar equivocadamente que nossa religião é de alguma maneira a única válida. Na verdade, antes de deixar o Tibet e ter contato mais próximo com outras religiões e outros líderes religiosos, eu mesmo tinha essas idéias! Mas enfim entendi que todas as tradições têm grande potencial e podem desempenhar uma função muito importante no benefício da humanidade. Todas as religiões do mundo contêm ferramentas para lidar com nossa aspiração básica de superar o sofrimento e alcançar a felicidade. Neste capítulo, vamos examinar esses instrumentos.

Algumas religiões possuem sofisticadas análises filosóficas; outras extensos ensinamentos éticos; outras dão grande ênfase à fé. Entretanto, se observarmos os ensinamentos das grandes tradições de fé do mundo, iremos discernir duas dimensões principais da religião. Uma é a que poderia ser chamada dimensão metafísica ou filosófica, que explica por que somos do jeito que somos e por que são prescritas certas práticas religiosas. A segunda dimensão refere-se à prática da moralidade ou disciplina ética. Pode-se dizer que os ensinamentos éticos de uma tradição de fé são as conclusões amparadas e validadas pelo processo do pensamento metafísico ou filosófico. Embora as religiões do mundo tenham grandes divergências em termos de metafísica e filosofia, as conclusões a que chegam essas filosofias divergentes – ou seja, seus ensinamentos éticos – mostram um grau elevado de convergência. Nesse sentido, podemos dizer que, a despeito de quaisquer explicações metafísicas que as tradições religiosas utilizem, todas chegam a conclusões similares. De uma forma ou de outra, as filosofias de todas as religiões do mundo enfatizam o amor, a compaixão, a tolerância, o perdão e a importância da autodisciplina. Por meio do compartilhamento, do respeito e da comunicação interpessoal e intercrenças, é possível aprender a estimar as valiosas qualidades ensinadas por todas as religiões, e os instrumentos pelos quais todas elas podem beneficiar a humanidade.

Dentro de cada caminho, encontramos pessoas verdadeiramente dedicadas ao bem-estar dos outros, movidas por uma profunda noção de compaixão e amor. Ao longo das últimas décadas, conheci um bom número de pessoas de tradições diversas – cristãos, hindus, muçulmanos e judeus. E, em cada tradição, existem pessoas maravilhosas, afetuosas, sensíveis – pessoas como Madre Teresa, que dedicou toda sua vida ao bem-estar dos mais pobres entre os pobres do mundo, e o Doutor Martin Luther King Jr., que dedicou sua vida à luta pacífica pela igualdade. É evidente que todas as tradições têm o poder de trazer à tona o melhor do potencial humano. No entanto, diferentes tradições usam diferentes abordagens.

Agora poderíamos perguntar: “Por que é assim? Porque existe tanta diversidade metafísica e filosófica entre as religiões do mundo?” Tal diversidade pode ser encontrada não só entre diferentes religiões, mas também dentro das religiões. Mesmo no Budismo – nos ensinamentos do próprio Buda Shakyamuni – ela existe. Nos ensinamentos mais filosóficos do Buda, verificamos que essa diversidade é bastante pronunciada; em alguns casos, as instruções parecem até se contradizer!

Creio que isso aponta para uma das mais importantes verdades a respeito dos ensinamentos espirituais: eles devem ser adequados ao indivíduo que está sendo ensinado. O Buda reconheceu entre seus seguidores diversos tipos de índoles mentais, inclinações espirituais e interesses, e viu que, para se adequar a essa diversidade, precisaria ensinar de forma diferenciada nos diferentes contextos.


A Essência do Sutra do Coração, Dalai Lama.

Essence of the Heart Sutra, Dalai Lama.


2 comentários:

Buscadora disse...

“Mas enfim entendi que todas as tradições têm grande potencial e podem desempenhar uma função muito importante no benefício da humanidade”. Com certeza, esse autor tem toda razão. Eu mesmo andei por muitos tipos de religiões e tenho me achado na N.A (Nova Acrópole). Não quer dizer que ela seja a verdade suprema e que eu concorde com tudo. Mas se ela desperta em mim boas virtudes e conseqüentemente bons valores, por que não?
beijos

Sidhe Storm disse...

perfeito.